Somos todas Jacinda
O empoderamento feminino é a chave para o avanço social e a igualdade de gênero


A primeira-ministra da Nova Zelândia, Jacinda Ardern, carrega consigo uma responsabilidade imensa. E eu não falo sobre ser ministra não, que diga-se de passagem já é uma baita responsa, é que:
ela é ministra, e também mulher
Cada vez que uma mulher se destaca em um cargo de liderança não leva muito tempo para surgirem manchetes nos jornais falando sobre como elas equilibram a vida profissional com o maternar e a jornada do lar. Estamos em 2021 e ainda tem manchetes com esse tipo de destaque.
Parece inofensivo, mas não é
Tem gente que acredita que não há problema algum, afinal Ardern é mesmo mãe, mas o problema é que por trás do que parece ser uma afirmação inofensiva, está encoberta a necessidade de lembrar, sempre que possível, de que ‘aquela mulher poderosíssima, que lidera um dos países com a melhor atuação contra o COVID em pleno ano de pandemia’, também é mãe e cuida do lar.
Não me entenda mal e não leia entrelinhas onde não há. Veja bem, eu sou a favor de que as mulheres sejam quem elas quiserem ser: líderes, mães, não mães, tudo isso junto ou nada disso, se for o caso. Mas essa relação entre o cargo de trabalho e o lar nunca é relacionada a um homem, independentemente do cargo que ele ocupe. É preciso ser mulher para que isso aconteça. Se nem a Jacinda consegue escapar disso, imagina eu?
100 anos de mulheres no Parlamento
No dia das mulheres deste ano, a primeira-ministra publicou a foto de um broche que ela ganhou e que tem no verso o número 99. Ela explicou que o número simboliza o fato de ela ser a nonagésima nona mulher a ocupar um cargo no parlamento desde 1919, ano em que as mulheres conquistaram o direito de concorrer aqui na Nova Zelândia .
Eu, você e a Jacinda somos mulheres ainda lutando por igualdade salarial, pelo direito ao próprio corpo, pela liberdade de sermos quem quisermos.
É importante ocupar o espaço político
Em primeiro lugar vale lembrar que a primeira-ministra deveria ser lembrada pela lucidez com que ela vem trabalhando no meio do caos e por se manter firme enquanto o mundo inteiro julga cada decisão que ela toma. O ideal é que ela possa ser líder sem precisar ser mãe, ainda que ser mãe seja parte dela. Segundo, a luta das mulheres e o avanço enquanto sociedade passa inevitavelmente pela política e, torça o nariz, se quiser, mas acredite: ocupar o espaço político é um passo muito importante para qualquer avanço social. Hoje temos a Jacinda e tantas outras mulheres liderando esses espaços, mas queremos mais.
Ocupar o espaço político é um passo muito importante para qualquer avanço social
Seguir em frente sem perder o que conquistamos

A mulher ainda precisa lutar para que seus direitos não sejam revogados. Ainda que nem todas se vejam e se reconheçam dentro do movimento, é inegável o quanto a luta de cada mulher que enfrenta o sistema e traz luz às questões de igualdade de gênero fortalece ainda mais toda categoria.
É um movimento muito maior do que não se depilar ou querer liberdade para usar a roupa e o sapato que quiser sem julgamentos desnecessários, isso tudo é expressão individual que faz, sim, parte da luta, mas que é um reflexo pequeno perto de tudo que se busca.
Ainda há luta para mostrar, inclusive, para outras mulheres o porquê do movimento coletivo feminino ser tão importante.
O diálogo abre caminhos
É na conversa que a gente se entende. Quando falamos em luta há quem não se sinta confortável e já nem queira mais ouvir, mas, ei, você…. presta atenção aqui, só um pouquinho, vai. É no olho no olho que abrimos o diálogo sobre a importância de avançar em tantas questões que afetam individualmente e coletivamente todas nós.

Eu quero mulheres empoderadas, lúcidas e sem medo. Sem medo do pai, do marido, do namorado. Sem medo do julgamento e do cancelamento social. Quero mulheres que entendam que são diferentes umas das outras e que está tudo bem.
O que a coluna quer?
Essa coluna vem para falar sobre tudo o que envolve o universo feminino. Vamos abordar temas como empoderamento feminino, maternidade, educação, mulheres e seus corpos, pois o objetivo aqui é somar e garantir um espaco que consiga acolher tudo aquilo que nos rodeia e, a partir dai, criar um eco para que possamos ser cada vez mais ouvidas.
A luta é nossa. Somos todas Jacinda.
Deixe um comentário, queremos ouvir você!
Maravilhosa a matéria! Temos mesmo que quebrar muitas barreiras! Ter consciência disso é importante.